quarta-feira, 8 de abril de 2009

Dia da Natação


Na Europa durante a Idade Média, os banhos e as termas foram proibidos nas cidades pois eram tidos como foco de vícios e depravação. Os povos acreditavam que as grandes pragas eram espalhadas por meio da água e evitavam a natação. A partir de 1700, o esporte reconquistou sua popularidade.

A natação foi uma das primeiras modalidades a fazer parte de uma Olimpíada. Desde 23 de junho de 1894, quando o barão Pierre de Coubertain, apoiado por amigos e inúmeras celebridades, inaugurou os Jogos Olímpicos Modernos, atletas de todas as partes do mundo superaram limites nas raias da maior de todas as competições. Abílio Couto foi o primeiro brasileiro a atravessar o Canal da Mancha, com 34 anos, em 1958, feito que se repetiu duas vezes no ano de 1959.

Em uma Olimpíada, a natação é um dos esportes nobres. A Fédération Internationale de Natation Amateur (Fina) rege o esporte no mundo hoje. Hoje em dia os jogos olímpicos reúnem atletas de todos os países do mundo e estes se dedicam um bom tempo de suas vidas em treinamentos fortes para superar seus limites nas raias da maior de todas as competições. Em 1920, na Antuérpia, a equipe verde e amarela fez sua estréia em uma Olimpíada e foram necessários mais de 32 anos para que o primeiro nadador subisse ao pódio. A natação brasileira trilha um longo caminho nas águas turbulentas da elite internacional.

A prova mais difícil: O Canal da Mancha é a prova mais difícil do mundo em águas abertas, essa é uma prova que muitos campeões olímpicos tentam fazer mas em sua maioria fracassam, muitas pessoas já morreram tentando fazer a travessia. O que torna a prova difícil são em grande parte suas correntezas e a temperatura da água que fica numa média de 14 a 18 graus.

www.escolainternacional.com.br/Portugues/FeiraCiencias

Serie Caderno perdido parte 3 Puro pau punk





Os ensaios do Aborto Elétrico aconteciam na própria Colina e o primeiro show foi em 1980, no centro comercial Gilberto Salomão, num barzinho chamado Só Cana. Era um show instrumental, Renato não cantava, Andre Pretorius quebrou a palheta e cortou os dedos nas cordas, continuando a tocar enquanto o sangue escorria. Foi o primeiro e único show do Aborto Elétrico com Pretorius na guitarra. Ele foi para a África do Sul servir ao exército de lá, naquela época dramaticamente envolvido na manutenção do Apartheid. Quem estava no Só Cana gostou. Nos colégios de Brasília começou a correr a notícia de que uns punks maconheiros tocavam uma música violenta. Os playboys da cidade não gostaram. Quando as turmas se encontravam, o pau comia.
Para Fê, a gente tava fazendo algo com nossas vidas, mexendo no ambiente onde a gente vivia, e isso despertava curiosidade e inveja. Logo, outros garotos seguiriam os passos do Aborto Elétrico, formando bandas e detonando o fenômeno musical do rock de Brasília.
Anos mais tarde, em entrevista Sônia Maia publicada na BIZZ. Renato disse que o Aborto Elétrico acabou virtualmente quando “Pretorius foi para a África do Sul matar negros”.
Flavio Lemos, irmão de Fê, assumiu o baixo no Aborto Elétrico e Renato pegou a guitarra. Os ensaios aconteciam na nova casa de Fê e Flávio no lago norte. Essa mudança para o Lago Norte também marca o começo do fim da turma da Colina, que passou a ter um novo ponto de encontro. Na nova casa de Fê, cercada por lindas árvores do cerrado. a turma fazia camisetas, cartazes e música no intervalo entre os baseados.
Renato sempre chegava com a idéia das letras e os acordes na guitarra. “Ficava fácil, porque as idéias que o ele trazia floresciam na banda”. lembra Fê. “Ele era um puta baixista também.” As músicas, raivosas e radicais, falavam muito de morte. Renato era um catalisador de sofrimentos na sua poesia, embora fosse doce e delicado no convívio diário.
Ainda em 1980, Pretonus voltou para umas férias em Brasíla e participou dos ensaios cruciais para a criação de "Música Urbana”, "Que País E Este", "Veraneio Vascaína”, “Conexão Amazônica” e “Baader-Meinhof Blues”. todas músicas que teriam grande impacto na história do rock brasileiro.
Em 1985. Andre Pretorius morreu de overdose nos Estados Unidos.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Dia da Mentira


Tudo começou em 1564, quando Carlos IX, rei de França, por uma ordonnance de Roussillon, Dauphine, determinou que o ano começasse no dia primeiro de Janeiro, no que foi seguido por outros países da Europa. É claro que, no início, a confusão foi geral, de vez que os meios de comunicação ainda eram inexistentes. Não havia rádio, televisão, nem mesmo o jornal, pois era a invenção da imprensa, por Gutemberg, só aconteceu muitos anos depois.

Antes de Carlos IX determinar que o dia primeiro de Janeiro fosse o começo do ano, este tinha início no dia primeiro de abril, o que resultou ficar conhecido como Dia da Mentira, por força das brincadeiras feitas com a intenção de provocar hilaridade. Surgiram, então, as brincadeiras (que os franceses denominavam de plaisanteries) em todo o mundo, como a da carta que se mandava por um portador destinada a outra pessoa, na qual se lia o seguinte: Hoje é primeiro de abril. Mande este burro pra onde ele quiser ir.

Seria um nunca acabar se fossem, aqui, relacionadas as brincadeiras referentes ao primeiro de abril. Até mesmo eram distribuídas cartas convidando amigos para assistirem ao enlace matrimonial de pessoas que nem sequer se conheciam, mencionando a igreja, o dia e a hora em que seria celebrado o suposto casamento.

Vejamos alguns primeiros de abril pregados pela imprensa mundial, conforme relata a revista Isto É, de são Paulo, n- 1488, edição de 8 de abril de 1998:

1) A África do Sul comprou Moçambique por US$ 10 bilhões. O anúncio do negócio fora feito na organização das Nações Unidas pelo presidente sul-africano Nelson Mandela. Deu no jornal Star, de Johannesburgo;

2) A Rádio Medi, de Tânger, no Marrocos, noticiou que o Brasil não iria participar da Copa do Mundo porque o dinheiro da seleção seria usado na luta contra o incêndio em Roraima;

3) A minúscula república russa Djortostão declarou guerra ao Vaticano. Motivo: arrebatar o título de menor Estado da Europa. Para tanto, ele teria doado seis metros quadrados de seu território a uma república vizinha. Isso tudo de acordo com o jornal Moscou Times;

4) Diego Maradona, ex-capitão da seleção argentina de futecol, é o novo técnico da seleção do Vietnã. Deu nos principais jornais vietnamitas;

5) Ao deixar o Senegal, o presidente americano Bill Clinton seria acompanhado de uma comitiva formada pelos primeiros 50 senegaleses que fossem à embaixada para pedir visto de entrada nos EUA. Assim informou o jornal Le Soleil, do Senegal. Centenas de senegaleses acreditaram na mentira e correram para a embaixada americana.

Noticiando o falecimento de Maurício Fruet, ex-prefeito de Curitiba e ex-deputado federal, a revista Isto é, são Paulo, n- 1510, edição de 9 de setembro de 1998, informou que ele era considerado o parlamentar mais brincalhão e espirituoso que passara pela câmara dos Deputados. Um exemplo: convocou uma falsa reunião de todo o secretariado do então governador Roberto Requião no dia 1- de abril de 1990 (havia 15 dias que Requião tomara posse). Os Secretários, sem entender nada, passaram toda a madrugada no palácio Iguaçu. De manhã, Fruet fez chegar a informação de que era um trote do Dia da Mentira. Tudo faz crer que as brincadeiras, originárias das plaisanteris francesas, continuem sempre a existir, graças à eternidade das manifestações folclóricas no mundo inteiro.

Na Inglaterra, quem "cai em 1º de abril" é chamado de noodle (pateta). Na França, de poisson d´avril ( peixe de abril); na Escócia, de april gowk ( tolo de abril); nos Estados Unidos, de april fool (bobo de abril).

www.soutomaior.eti.br/mario/paginas/cro_diam.htm

Serie Caderno perdido parte 2 by: Renato Russo


Subindo a Colina

Brasília. meados de 1978. ínicio do processo de abertura política que botou fim na dita­dura militar. Aos
16 anos, Felipe Lemos, filho de um professor da Universidade de Brasília, voltara de uma estadia na Inglaterra com os pais para morar num conjunto de quatro prédios, com vista para o Lago Norte, apelidado de Colina. Os apartamentos eram espaçosos e serviam de residência para os professores.
Numa noite, uns amigos levaram Fê a uma festa onde a vitrola tocava músicas do Sex Pistols, Ramones e The Clash, as mesmas que Fê Lemos ouvia na Inglaterra. Querendo saber quem era o dono dos discos, Fê foi apresentado a um sujeito estranho, que usava camisa social e andava segurando uma capanga numa mão e um guarda-chuva na outra. Era Renato Russo.
Foi uma afinidade imediata por causa daqueles discos e ele passou a freqüentar minha casa todo dia, lembra Fê. Logo Renato estava enturmado na Colina, onde viria a se formar o núcleo da maioria das bandas de Brasília. No começo era apenas uma turminha de garotos que gostavam de punk rock e se reuniam para ouvir música tomar porres de vinho Chapinha, fumar baseado e cheirar benzina de vez em quando.
Às vezes, o clima pesava. Renato e Fé, dopados e entediados, sentaram-se na escada de serviço de um dos prédios para conversar, Renato no degrau de cima e Fé no de baixo. De repente, sem aviso, Renato começou a fazer xixi nas calcas. Fiquei chocado. Provavelmente era o que ele queria, Levantei xingando e fui pra casa. Ele ficou lá, todo molhado, conta Fê. Nessa noite, como em muitas outras, Renato voltou para casa a pé, uma caminhada de pelo menos duas horas na escuridão da madrugada.
Renato ainda não tinha 20 anos. Chocar as pessoas era uma de suas prioridades.



Clube da criança junkie

Renato Russo respirava música. Seu quarto era um festival de colagens, mais de 500. Tinha tanta coisa para ver que quem entrava ali podia ficar horas de olhos grudados nas paredes. Havia também uma imensa coleção de discos e livros e um aparelho de som com quatro caixas, o melhor da cidade. Era nesse quarto que ele enfrentava o tédio das tardes de Brasília.
Renato era do tipo aglutinador. Ligava para todos da turma, marcava os encontros, tinha idéias para atividades em grupo e quando começava a falar era difícil pará-lo. Extremamente bem-informado, tinha uma cultura vasta e adorava planejar o futuro de sua própria vida. Tinha gente em Brasília que o achava chato. Pelo menos quando bebia demais e resolvia espalhar seu excesso de amor nos bares da cidade.
Ainda em 1978. Renato conheceu Andre Pretorius, que andava na cidade vestido de punk e era filho de um diplomata da África do Sul. Pretorius e Fê haviam combinado montar uma banda com André Muller, que estava morando na Inglaterra. Mas Renato precipitou os acontecimentos e convidou Fé e Pretorius para formar uma banda com ele no baixo, Fé na bateria e Pretorius na guitarra.
"A gente tava na Colina sentado no chão, pensando qual ia ser o nome da nossa banda. Eu tava com um negócio de elétrico na cabeça e alguém falou tijolo elétrico. Aí o Andre Pretorius falou: não, Aborto Elétrico", recorda Fê. Segundo ele, a versão de que o nome da banda é por causa de um cacetete elétrico. usado pela polícia de Brasília em atos de repressão, não é verdadeira.
Renato escreveu “I want to be a junkie” na parede do quarto, apesar de nunca ter sequer visto as drogas realmente pesadas. E começou a compor o repertório do grupo. Estava formada a "mãe" de todas as bandas de Brasília.

domingo, 29 de março de 2009

O mais pequeno vertebrado do mundo vive na Indonésia

O animal vertebrado mais pequeno do mundo foi descoberto na ilha de Samatra, na Indonésia. O «recordista» é um peixe com 7,9 milímetros de comprimento.

O «Paedocypris progenetica» é um peixe da família da carpa mas de dimensões muito mais reduzidas. Os espécimes adultos medem entre 7,9 e 8.6 milímetros de comprimento, consoante se tratem de fêmeas ou machos.

Apesar do seu tamanho minúsculo, o peixe possui barbatanas pélvicas com músculos excepcionalmente grandes que usa para agarrar a fêmea durante o acasalamento, asseguram os investigadores.

Os «Paedocypris progenetica» caracterizam-se ainda por ter um corpo transparente, quando adultos, o que lhes dá a aparência de uma larva, e por viverem em águas escuras, cem vezes mais ácidas do que a água da chuva.

A escassez de alimentos não parece preocupar estes espécimes que, dado o seu tamanho, se saciam com uma pequena quantidade de plâncton. Os investigadores acreditam que com a destruição do seu habitat já se tenham perdido várias populações deste tipo de peixes, mas acalentam a esperança de ainda terem tempo para investigar mais sobre a espécie.

Serie Caderno Perdido by: Renato Russo


Aqui você encontrará a matéria completa sobre o caderno perdido do Renato Russo.





O Descobrimento
do Poeta

O Caderno do Aborto Elétrico,

com letras inéditas compostas por

Renato Russo,

ficou esquecida numa caixa

de papelão por doze anos. Agora, a juventude

e a genialidade do Poeta e toda História

de uma época efervescente do rock nacional

voltam à tona nessa descoberta



por Felipe Zobaran



Numa tarde de janeiro de 1991, Renato Russo alugou uma suíte do Hotel Sheraton, um dos mais caros do Rio de Janeiro, com vista para o mar e a praia de Ipanema. Ele ainda morava com a família na Suburbana Ilha do Governador e alugar um quarto de Hotel era habitual quando queria ficar sozinho. Dinheiro não era problema para um grande astro como Renato Russo.
Ele pegou o telefone e ligou para o escritório de Luís Fernando Artigas, produtor dos primeiros shows da Legião Urbana e velho amigo dos tempos de Brasília. "Tô no Sheraton, vem pra cá", pediu.
Na suíte, Renato coordenava uma festa particular com muitos estimulantes, num estado de hiperatividade que Luís Fernando já conhecia. Renato não estava bem de cabeça e procurava fugir da depressão. Ele descobrira que era soropositivo.
Tarde e noite adentro Renato falou sem parar, de tudo: música, política, amor, família. E falou também de um certo caderno dele que teria ficado com Felipe Lemos, o Fê, baterista do capital Inicial e também velho amigo de Brasília. Renato queria que Luís Fernando pedisse a Fê o caderno de volta.
Mas Luís Fernando não ligou para Fê Lemos. Na ressaca do dia seguinte, ainda abalado pelas outras coisas que ouvira do amigo, ele esqueceu o pedido de Renato. Fê só foi saber que Renato queria o caderno dois anos depois, em São Paulo, por uma estranha coincidência.
"Foi uma situação esquisita", lembra Fê. "Dei carona pra um amigo de um amigo que disse conhecer o Renato, com quem eu não falava há um tempo. Pra mim ele tinha se tornado inacessível. Aí o cara disse, sem mais nem menos, que eu tava com um livro que era do Renato. Levei um susto. Pô, só podia ser o caderno do Aborto Elétrico!"
Fê foi procurar no Fundo de um baú empoeirado que guarda recortes do início de sua carreira em Brasília e achou o caderno de letras compostas por Renato Russo para o Aborto Elétrico entre 1977 e 1981.
Três anos depois, Renato morreu sem ter visto novamente o caderno do Aborto Elétrico.

Fundação da Cidade de Salvador

Notadamente, a Sé-primaz do Brasil, sob a invocação de N. S. da Ajuda, a Capela de N. S. Conceição da Praia, bem como o Paço dos Governadores e a Casa da Câmara e Cadeia, foram produto do barro moldado, da taipa de mão e de pilão, do teto de palha, tão distantes da monumental cantaria portuguesa, dalém-mar. A cal, resultante da queima de crustáceos na Ilha de Itaparica, a partir de 1551; o arenito proveniente de Boipeba; o lioz português que servia de lastro nas embarcações e a madeira-de-lei da Mata Atlântica foram conquistando, pouco a pouco, os canteiros de obras que se multiplicavam na construção da metrópole.

Desse primeiro encontro restam, além dos registros históricos, o traçado urbano da cidadela do mestre de cantaria Luís Dias, arquiteto-mor desta soterópolis, com a sua malha viária reticulada e confinada e a Praça do Palácio ou dos Mercadores, onde se implantou o primeiro guindaste condutor de mercadorias entre o porto e a cidade-alta. Iconografias e relatos nos dão conta da precariedade dos edifícios, públicos e privados, só superada após as sucessivas tentativas de invasão da cidade por parte dos holandeses (1599-1649), quando a estabilidade política e a prosperidade econômica permitiram o desenvolvimento de um padrão arquitetônico monumental, português por excelência, com a importação de projetos, mão-de-obra e materiais necessários ao vultoso empreendimento.

A arquitetura militar foi a primeira a se beneficiar da conjuntura político-econômica do século XVII, com a ampliação das fortalezas existentes e a construção de novas, a exemplo do Forte de São Marcelo, no porto da cidade, sobre um banco de areia emergente da maré baixa e dos Fortes de Santa Maria e São Diogo, na defesa do então vulnerável Porto da Barra. Os Fortes de Santo Antônio da Barra, São Felipe (Monte Serrat) e Santo Alberto completavam o cerco à cidade, sob a mira das baterias e baluartes da sua muralha e do seu porto.

A arquitetura religiosa ganhou em requinte e monumentalidade na 2ª metade do século XVII. As ordens religiosas aqui instaladas no século XVI foram Jesuítas (1549), Beneditinos (1585), Carmelitas (1586) e Franciscanos (1587). A Santa Casa de Misericórdia e o Clero Secular (Arquidiocese Primaz, 1551), por sua vez, construíram novas sedes ou ampliaram as suas primitivas, adaptando-se à nova configuração conjuntural. O monge beneditino Frei Macário de São João foi o autor de inúmeros projetos, os mais expressivos do seu tempo, como a Igreja e Mosteiro de São Bento, Igreja e Convento de Santa Tereza, Igreja e Hospital da Santa Casa de Misericórdia, além da Casa de Câmara e Cadeia. A Igreja da Sé, a Igreja do Salvador do Colégio dos Jesuítas, a Igreja e Convento do Carmo e o Convento de São Francisco, são, igualmente, exemplos deste monumental acervo, onde a cantaria, local e portuguesa, arrematam as caixas murais, nos seus contornos mais elaborados: portadas, cercaduras, cunhais, beirais, frisos, frontões, bacias, pináculos, soleiras, colunas ou mesmo a ensilharia, tão comuns no vasto e erudito rol das edificações religiosas. Destaca-se, também, o Convento de N. S. do Desterro, 1º edifício de ordem religiosa na América portuguesa, construído para as irmãs Clarissas administrarem o destino das moças solteiras da soterópolis, patriarcalista e castradora.

A arquitetura civil de função pública teve os seus melhores exemplos na Casa da Câmara e Cadeia (1660), no Paço dos Governadores (1663), na sede da alfândega (cidade-alta), nos prédios assobradados com amplos salões - onde o mobiliário luso-brasileiro começava a apresentar sinais de uma prosperidade precursora do seu apogeu no século XVIII. Os solares, residências senhoriais, mostravam o seu vigor no panorama urbano, tendo a loja, no plano térreo, e o pavimento nobre superior conectados por imponente saguão e escadaria. São vários os exemplos deste período, com pátio central, azulejos portugueses no seu interior, forros em caixotões, portas almofadadas, janelas com postigo, sacadas com os muxarabies, beirais encornijados (tipo beira-soleira ou encachorrados), portadas em cantaria, brasonadas ou dotadas, sobrelojas ou entressolhos, alcovas, chaminés, cocheiras e capelas particulares. Dentre eles, destacam-se o Solar Brequó, a Casa das Sete Mortes, o Solar do Ferrão, o Solar São Damaso, a Casa de Oração dos Jesuítas, o Paço do Saldanha, a casa natal de Gregório de Mattos, além de dois sobrados na esquina do Cruzeiro de São Francisco.

Este período configurou uma imagem urbana com exponência monumental, entremeada pela singeleza de uma arquitetura vernacular, distribuída em lotes urbanos estreitos, ao longo de becos e ladeiras. O século XVIII foi o século do ouro, do apogeu econômico, do barroco e do rococó, da supremacia da Igreja Católica, do Vice-Reinado (1714), da expulsão dos Jesuítas (1759) e da mudança da capital para o Rio de Janeiro (1763).

Salvador transformou-se no maior porto do Atlântico Sul e na segunda maior cidade do Império Português (antes eram Lisboa e Goa). Freguesias foram criadas e a cidade extrapolou os limites da sua muralha e, conseqüentemente, da mancha matriz, ampliando o seu território pelas colinas adjacentes ao Norte (Carmo e Santo Antônio), ao Sul (São Bento, São Pedro, Piedade, São Raimundo, Mercês) e a leste do Rio da Vala (Palma, Lapa, Desterro, Santana, Saúde), além do seu porto, estendendo-se da Preguiça à Jequitaia e da península de Itapagipe (Boa Viagem, Bonfim, Penha). Nunca se construiu tanta igreja (capelas, matrizes, irmandades seculares e de ordens 2ª e 3ª).

O barroco dominou o cenário religioso baiano, pródigo em entalhes dourados, prataria, ourivesaria, pintura, azulejaria, cantaria, transformando a cidade do Salvador em importante e qualificado canteiro de obras, que atraía mão-de-obra especializada portuguesa e formava "escolas" de artífices. Construiu-se, então, um rico acervo arquitetônico e artístico, equiparável aos melhores do mundo e peculiar no seu regionalismo. Inúmeros são os exemplos desta pródiga fase, e, em nível de exemplo, citamos: Igreja de São Francisco e sua ordem 3ª, N. S. do Rosário dos Pretos, SS. Sacramento da Rua do Passo, N. S. da Saúde e Glória, N. S. da Conceição da Praia, SS. Sacramento e Santana, N. S. da Conceição do Boqueirão, N. S. do Pilar, N. S. da Boa Viagem, N. S. da Penha de França, N. S. do Bonfim, Ordem 3ª de São Domingos, São Miguel, São Pedro, N. S. da Piedade, N. S. da Graça, São Lázaro, N. S. de Nazaré, N. S. de Brotas e os Conventos de N. S. da Conceição da Lapa, Bom Jesus dos Perdões, N. S. das Mercês e N. S. da Soledade.

A arquitetura militar ganhou novo plano de defesa baseado na arquitetura de Vaubainne, introduzido pelo arquiteto militar francês Jean Massé (1714-1720), quando foram reformados e reequipados os fortes existentes e construídos novos, estabelecendo-se, desta forma, um sistema articulado e amplo para a defesa do novo território. O extremo sul da cidade foi guarnecido pelas baterias dos fortes de São Pedro, Aflitos e São Paulo da Gamboa; o extremo norte, pelas baterias dos Fortes de Santo Antônio (Além do Carmo) e N. S. do Carmo (Barbalho) e, a defesa da cidade, como um todo, pela bateria do Quartel Central (Mouraria) complementada pelo apoio da Casa da Pólvora (no atual Campo da Pólvora).

As antigas fortalezas completavam o sistema de defesa de Salvador, eficiente e bem equipado. A arquitetura civil acompanhou os ditames do século com requinte e ostentação. Os lotes continuavam estreitos (casas geminadas) e profundos (grandes quintais), assim como as ruas (casas nas testadas nos lotes). Predominava o partido assobradado, com loja, saguão com escadaria monumental - às vezes externa (Solar Conde dos Arcos-Garcia) -, sacadas, sótão, beirais e modenaturas ricamente trabalhadas. O vidro só vai ser introduzido nas esquadrias no último quartel do século XVIII, em substituição aos muxarabies que predominaram até o início do século XIX.

O mobiliário apresentava-se requintado, em madeira-de-lei (jacarandá e vinhático) e de influência lusitana. Os serviços domésticos dependiam diretamente do trabalho escravo, não havendo infra-estrutura sanitária. As famílias eram numerosas e pródigas em agregados e a vida social girava em torno das celebrações e compromissos religiosos. A cidade era insalubre, com a maioria das ruas sem pavimentação, deslizamento de terra nas encostas, hortas plantadas nos vales onde eram despejados os dejetos urbanos, sem transporte público, com a predominância dos negros nas ruas, palco para punições (pelourinho e forca) e manifestações lúdicas

O comércio era próspero (importações e exportações) e a Baía de Todos os Santos, pontilhada de embarcações a vela (naus e saveiros), com o porto em franca expansão (aterros para construção dos trapiches). A configuração do centro histórico de Salvador (que, em grande parte, data desse século) confere à cidade uma atmosfera barroca, com destaque para a arquitetura religiosa, cujas torres sineiras marcam as freguesias e bairros da cidade, sendo os seus mais relevantes pontos de referência urbana.

O século XIX foi revolucionário e transformador. Revolucionário no campo das idéias e transformador do ponto de vista social e urbano. Os reflexos da Revolução dos Alfaiates (1798), a chegada da família real (1808), a abertura dos portos (1808), a assinatura do 1º tratado de comércio com a Inglaterra (1810), a criação do Colégio Médico-Cirúrgico da Bahia (1810), a independência do Brasil (1822), a independência da Bahia (1823), a Revolta dos Malês (1835), a fundação da primeira casa bancária (1834), o gradativo processo de industrialização, a gradativa abolição da escravatura e a Lei Áurea (1888), a crise econômica que se abateu em função da seca (1870-1877), a gradativa separação Igreja/Estado (1873-1891), a implantação de serviços públicos (a partir de 1850) e a Proclamação da República (1889) foram fatores fundamentais na transformação do panorama urbano da cidade do Salvador ao longo do século XIX.

A cidade importou costumes, produtos, mão-de-obra e idéias. Os novos lotes urbanos tiveram seu padrão ampliado; a casa passou a ser construída isolada do vizinho e recuada em relação à rua. Surgiu o padrão de porão alto, acesso lateral, platibanda com acrotérios, revestimento de azulejos nas fachadas, vidros nas esquadrias, instalações sanitárias (externas ao corpo da casa) e o estilo neo-clássico, como o estilo oficial do Império, após a Missão Artística Francesa de 1816. Novos bairros surgiram: Campo Grande, Canela, Garcia, Vitória, Graça, arrabalde da Barra, Nazaré, Lapinha, Liberdade, Calçada, Ribeira, Caminho de Areia, Plataforma, Brotas, Matatu, Baixa dos Sapateiros, Sete Portas e as ampliações do porto com sucessivas aterros.

www.emtursa.ba.gov.br/450anos/historia.html